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segunda-feira, 4 de abril de 2011

As cisternas do semiárido nordestino

Em um país banhado por extenso litoral e costurado por rios, a falta de água ganha um significado dramático no semiárido nordestino. A média pluviométrica na região é de 750 mm anuais, menos da metade da média de Recife, com 1.800 mm. O período de chuvas se concentra nos primeiros meses do ano e, com frequência, não soma 20 dias. Para prover o consumo no resto do ano, surgiu uma ideia engenhosa e barata: a cisterna abastecida pela água da chuva. Durante a fase de abundância, ela pode acumular até 16 mil litros, quantidade suficiente para atender a uma família de cinco pessoas durante a época da estiagem. Cisternas instaladas principalmente em residências já beneficiam 1,6 milhão de pessoas e começam a ser difundidas nas escolas e postos de saúde.
O equipamento é simples e funcional. A instalação dispensa tubulação que não seja a doméstica. O reservatório propriamente dito fica parcialmente enterrado. Com isso, recebe menos sol e é resfriado pela terra ao seu redor, reduzindo a perda de água por evaporação. Para evitar a sujeira que se acumula no telhado, na base do cano que recebe a água da canaleta há uma garrafa PET fechada. Ela funciona como uma boia e bloqueia a primeira água. Em seguida, libera a passagem e apenas água limpa é armazenada.











As cisternas são construídas pela própria comunidade, com tecnologia repassada por uma rede de instituições assistenciais que atuam no semiárido. Fora o trabalho, o custo do material é de R$1,2 mil. Como até agora o projeto é um sucesso, planeja-se uma outra etapa: estimular os camponeses a construírem uma segunda cisterna destinada à criação de peixes e a matar a sede dos animais.
Outra ideia que se desdobrou do êxito inicial é usar variações dessas cisternas em áreas densamente habitadas, como São Paulo. Nesse caso, seu maior potencial seria evitar inundações.
















Abaixo, casa de família de agricultores em Afogados da Ingazeira, no Sertão do Pajeu pernambucano. A região é um exemplo agradável do semiárido, pois a paisagem é mais verde do que a que se encontra no sertão profundo.
 


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